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Marepe

Rio Fundo

Marepe   Rio Fundo

source: inhotimorgbr

Marcos Reis Peixoto, ou simplesmente Marepe, nasceu em Santo Antônio de Jesus, uma cidadezinha no Recôncavo Baiano. Mais que enfatizar as dramaticidades dos problemas sociais e talvez da seca, Marepe potencializa discussões acerca dos próprios estigmas criados para o nordeste.

Marepe faz uso recorrente de materiais não-nobres, como papelão, borracha, latas de cerveja e outros objetos do dia a dia, construindo matéria a partir de ideias, de uma forma que ele gosta de chamar de intuitiva, ainda que repleta de influências.

Ao reutilizar produtos que, retirados de seu contexto, ganham novas significações, Marepe é recorrentemente associado ao artista francês Marcel Duchamp, ligado ao Dadaísmo, movimento da vanguarda modernista surgido no início do século 20. A arte conceitual, quando decomposta e desdobrada em filosofia, informação, linguística, matemática, autobiografia, crítica social, deixou um legado na história da arte, do qual o artista lança mão para criar um trabalho que traduza suas ideias, vivências e memórias.

Seus trabalhos não são apropriações de objetos que adquirem novos simbolismos, mas são confecções de objetos semelhantes aos do cotidiano de muitas pessoas, que, como obras de arte, adquirem novos simbolismos. Marepe chama essas recriações simbólicas de nécessaire, e não ready-mades, como os de Duchamp.
No parque, muitas vezes a simplicidade criativa de Marepe é percebida com certo estranhamento. Suas obras propõem o diálogo, o reconhecimento cultural e a reflexão de questões recorrentes na arte contemporânea, com jeitinho brasileiro e nordestino ao mesmo tempo.
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source: enciclopediaitauculturalorgbr

Marcos Reis Peixoto (Santo Antônio de Jesus BA 1970). Artista visual. Inicia em 1988 o curso de artes plásticas na Universidade Federal da Bahia – UFBA, em Salvador. Em 1990, faz sua primeira exposição individual no Centro Cultural Cruz das Almas, em Cruz das Almas, Bahia. Um ano depois, inicia o curso de licenciatura em desenho e plástica na UFBA, e por sua participação na 1ª Bienal do Recôncavo, realizada em São Félix, Bahia, recebe como prêmio uma viagem à Alemanha. Em 1992, leciona na Escola de Artes Plásticas da UFBA. Expõe, em 1996, no 3° Salão de Artes Plásticas do Museu de Arte da Moderna da Bahia – MAM/BA, e recebe o prêmio aquisição. Nesse ano, participa da mostra Antarctica Artes com a Folha, em São Paulo, em que é premiado com uma viagem à Documenta de Kassel, Alemanha, com os artistas Rivane Neuenschwander (1967) e Cabelo (1967). Passa a expor suas obras, que têm como referência as tradições populares nordestinas, em diversas galerias e instituições do Brasil e do exterior. Em 2005, expõe no Centro Pompidou, em Paris, como parte dos eventos realizados no Ano do Brasil na França.

Comentário Crítico
Marepe, no início de sua trajetória, realiza esculturas de concreto. Na década de 1990, passa a utilizar em suas instalações objetos do cotidiano, como latas de cerveja, trouxas de roupa, caixas de cigarro ou papelão. Recria cenas populares do Nordeste do Brasil, como as do comércio ambulante, em Banca de Fichas e Cartões Telefônicos, 1996, ou em Barraca de Veneno, 1998.

Em Filtros, 1999, apresenta vários filtros de água de cerâmica, apoiados em banquinhos de madeira de aspecto rústico. Os objetos causam estranheza à primeira vista, por terem dimensões diferentes das peças de uso tradicional. Marepe explora a poesia obtida pelo deslocamento dos objetos de seu contexto cotidiano. Na 25ª Bienal Internacional de São Paulo, em 2002, expõe um muro de 3 toneladas, trazido do Nordeste, em que consta a inscrição pintada: “Comercial São Luís, tudo no mesmo lugar pelo menor preço”, uma referência ao local de trabalho de seu pai durante muitos anos.

Em vários trabalhos, a proposta de Marepe inclui a participação do público, como em Palmeira Doce, 2001, em que produz com a ajuda de um fabricante local 4.500 saquinhos de algodão-doce de diferentes cores, que são pendurados ao longo do tronco de uma palmeira, em uma praça da sua cidade natal, e recolhidos por crianças no dia de São Cosme e Damião. Em outra instalação, coloca em uma sala bexigas coloridas infladas, convidando o público a estourá-las. Marepe diz que procura abordar questões relacionadas à memória coletiva, explorarando nelas o sentido poético.
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source: iarunicampbr

Marcos Reis de Peixoto (Marepe) nasce em 1970, na cidade Santo Antônio de Jesus, Bahia. Sua cidade de origem é extremamente importante para sua obra, já que aparece como temática ou influência na grande maioria delas. A infância e a família, bem como a tradição local e interiorana do ambiente em que Marepe cresceu, são os motivos principais de suas instalações, pinturas, escultura e intervenções.

Inicia o curso de graduação em Artes Plásticas na Universidade Federal da Bahia – UFBA, em Salvador, no ano de 1988 onde permanece somente até 1995, quando é selecionado para um projeto na Alemanha logo depois em 1997. Essa viagem ao exterior torna-se um novo elemento de suma importância para sua carreira, pois permite ao artista afastar-se dos elementos particulares de sua vida e terra natal, valorizando-os e inserindo-os no contexto renovado de seu trabalho.Isso não significa, contudo, que o afastamento seja definitivo. Marepe volta para sua cidade natal e nos relata esse sentimento:

“A cada dia que passa, sinto como foi bom voltar para minha cidade. Estou mais concentrado e tenho mais domínio sobre meu trabalho”.

No desenvolvimento e execução de seu trabalho a lista geral de materiais é bastante diversa: filtros de barro, panelas, objetos familiares pessoais, tecidos, pedaços de muros, papelão, borracha, latas de cerveja, filtros de cigarros e outros, que ele classifica como “não nobres”. A intenção maior do artista é recriá-los de forma a gerar uma crítica e permitir ao público espectador conhecer as diversas facetas nordestinas sob o viés artístico contemporâneo.

Considerado um dos artistas jovens mais conceituados da Arte Contemporânea nacional e internacional, Marepe configura em eventos tais como: 25ª Bienal Internacional de São Paulo (Brasil, 2002), Museo del Barrio em Nova York (Estados Unidos, 2001), Bienal de Pontevedra, em Pontevedra (Espanha, 2000), Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, em Madrid (Espanha, 2000). Participou da 2ª Bienal do Mercosul no Rio Grande do Sul (Brasil, 1999) e da Latein-Amerika-Woche, em Badberlebuc (Alemanha, 1992). Algumas obras de sua autoria integram o acervo tanto do MAM – SP quanto o do MAM da Bahia. Desde 1998 é representado pela Galeria Luisa Strina de São Paulo.

No II Salão MAM – Bahia em 1995 expõe três de suas Trouxas, obra na qual o artista apresenta roupas limpas em forma de trouxas representando o Universo cultural das lavadeiras que no Nordeste lavam as roupas em troca de algum dinheiro nos remetendo a algumas máximas conhecidas no universo mais provocativo e atual da Arte, tal qual nos lembra Duchamp:

“Os objetos da arte não são apenas obras especialmente fabricadas com um objetivo de luxo e divertimento. Todas as formas de atividade humana podem servir de suporte a uma vontade de significação.”

Em 1996 lança os projetos “Banca de fichas e cartões telefônicos”, e “Banca de veneno e chaveiros eróticos”, referindo-se ao subemprego, à exclusão social e à criatividade dos ambulantes, que lançam mão de coisas mínimas para atrair o cliente, vender seu produto e garantir sua sobrevivência, situações cotidianas que chamam a atenção do artista. Também em 1996 lança “Cabeça Acústica”, objeto performático que pede a participação do Público: quando enfiado na cabeça, o objeto de metal não permite troca de sons entre o ambiente externo e interno, provocando verdadeiro isolamento acústico e sugerindo a idéia da Arte como meio de comunicação.

Com “O casamento” Marepe é um dos seis artistas premiados no III Salão MAM- Bahia. O tom social e politizado vai ganhando novo fôlego com a continuidade do seu trabalho assim como se fortalecem as referências à família e a Santo Antônio de Jesus. A obra “O casamento” identifica um forte ambiente familiar e as referências claras a seus pais e irmãos. Em 2000, com “O telhado”, apresentado na Bienal de Arte de Pontevedra, na Espanha o artista ativa uma crítica às péssimas condições de vida dos moradores de rua e busca alertar o público sobre um dos grandes problemas do Brasil, trazendo o telhado como símbolo de conforto e abrigo.

Em 2001 realiza a performance “Lasque um Nome Aí”, colocando pedaços de tecidos estampados com palavrões típicos da Bahia pendurados em uma barraca que se assemelhava às encontradas nas Feiras de Santo Antônio de Jesus. A proposta pretendia que cada espectador deveria pegar um pedaço de tecido e dizer a palavra que lá havia em voz alta.

Por toda vida seu pai e avô trabalharam em uma grande empresa de Santo Antônio de Jesus. A empresa, chamada Comercial São Luís, é uma loja de materiais e construção e possui diversos departamentos com o slogan “Tudo no mesmo lugar pelo menor preço”. O artista retira o muro que estampa a propaganda da loja e o transporta para a 25ª Bienal Internacional de São Paulo (2002) fazendo referência à importância e existência de objetos desse estabelecimento em sua obra atual. A obra também homenageia seu pai e seu avô. O gesto de apropriar-se do próprio muro transparece a influência de Marcel Duchamp e também faz referência a Arte Pop.

As peças denominada “Embutidinhos” (2002) expostas na Galeria Luisa Strina-SP são continuadas no projeto que o artista apresenta para a 50ª Bienal Internacional de Arte de Veneza, quando constrói o “Embutido Recôncavo”.

Podemos identificar dois eixos na trajetória de Marepe: a referência familiar e influência da cultura popular manifestada na rua. O artista mergulha na arte contemporânea e deixa-se influenciar por Duchamp, pelo Neoconcretismo e pela Arte Pop além da Arte Conceitual.

Marepe ressemantiza a inteligência dos vendedores ambulantes, carpinteiros, pintores de paredes e outras pessoas humildes.