Invasão” no cenário urbano

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Obra retrata o crescimento exponencial e desordenado das cidades através de intervenções no espaço urbano; miniaturas de edificações se disseminam e tomam vida própria

As casas, edifícios de uma cidade crescem de forma tão autônoma e desordenada que parecem ter vida própria. Escolhem por conta onde devem nascer e crescer, tal como material orgânico no tronco de uma árvore. Foi desta forma que nasceu “Invasão”, obra do artista plástico Chico Santos, que já participou de diversas mostras e salões.

Chico esculpiu pequenas edificações em materiais que vão do sabão até o silicone. Em justaposição, as casas e edifícios em miniatura tomam espaço no cenário das cidades em verdadeira arte de intervenção urbana. As intervenções, então, resultam em um conjunto de obras que permeia a fotografia, o vídeo, a pintura, a xilogravura e colagens nas paredes.

Nascimento espontâneo

Os locais onde são realizadas as intervenções muitas vezes não são previamente escolhidas. São consequência da percepção do artista sobre o lugar. “Eu entro na cidade e faço o reconhecimento dos símbolos, ícones da cidade para decidir o local.” O artista ressalta que definir o roteiro de intervenções a partir de roteiros turísticos nem sempre é uma boa ideia. Afinal, a intervenção deve ser feita sob o ângulo do próprio artista e de sua obra, e não de outras pessoas.

Ele conta ainda que já passou por cartões postais em outras cidades, mas não se interessou por fazer as intervenções por estes locais. “Não tinha relação com a cidade, e precisa ter relação com ela, até com os problemas do lugar. A obra tem a ver com o crescimento da cidade. No percurso, têm que ser observados os valores históricos, prédios que conversam com o lugar. A obra tem caráter de ser biológica. Sempre a imagino como se fosse um fungo nascendo de algum lugar. É como se a obra estivesse escolhendo onde nascer.”

Objetos de arte como a bela cúpula de vidro forrado com grama verdadeira e uma cápsula de plástico também são cenários propícios para o crescimento e disseminação das pequenas edificações.

A primeira etapa da dominação

Invasão, contaminação e cominação. Estas são as etapas do processo de dominação que a obra de Chico Santos almeja. Estamos apenas na primeira fase.
Invasão = intervenção urbana;
Contaminação = a obra conversa com as pessoas, contamina-as e as torna disseminadoras;
Dominação = a obra toma espaços maiores até chegar à dominação.
“Tenho frequentado vários salões e mostras de arte e em todas as obras o visitante é apenas um espectador. Eu queria uma obra que as pessoas pudessem participar. Que fosse de autoria não só minha, mas de diálogo com elas. Assim que a obra é exposta, não é minha mais.”