highlike

MIGUEL PALMA

SOLAR EXPOSURE

source: makingarthappen

“Miguel Palma é um artista-engenheiro; mas também lhe podíamos acrescentar a profissão de biólogo ou cientista. De facto, a natureza está tão presente no seu trabalho quanto a técnica. Os seres vivos e os elementos naturais atraem-no tanto como as máquinas ou os edifícios, como consequentemente as ideias de vida, morte, tempo, acidente, perda, ruína, aceleração, velocidade, paragem são recorrentes e trabalhadas através do recurso a carros, aviões, barcos, motos, globos, mapas, armas, modelos, maquetas, aquários, vasos. (…) Aparentando ser um mundo de brinquedos para adultos, as obras de Miguel Palma instauram num primeiro momento uma atracção lúdica e depois uma “ironia deceptiva”, um desencantamento existencial.

<>
.
.
.
.
.
.
.
source: cvcinstituto-camoespt

Vive e trabalha em Sintra e expõe regularmente desde 1988. O seu trabalho, maioritariamente produzido no campo da instalação, inscreve-se numa tendência de re-apropriação da experiência que marcou a arte na década de 90 e que se procura afirmar contra a progressiva alienação dos processos de produção. Em muitas das suas obras encontramos um quase infantil deslumbramento com o “fazer”, que se espelha num encantamento pelos materiais e pela manufactura. Decorre também desta ideia a frequente produção de maquetas, sendo que a maqueta ou a miniaturização radica num impulso apropriativo que supõe uma disposição metonímica. Esta é, aliás, a condição “sine qua non” para a própria ideia de modelo, pedra angular da abordagem científica e do método experimental em que o autor baseia a sua produção. ¶ Miguel Palma expõe um universo estranhamente desabitado onde a máquina ou o sistema são omnipresentes e auto-suficientes excluindo qualquer participação do humano. Vejam-se alguns exemplos: Engenho (1993), uma viatura artesanal capaz de percorrer grandes distâncias tal como o artista demonstrou na viagem inaugural; Carbono 14 (1994), uma maqueta de um corte arqueológico mostrando os equipamentos da nossa civilização como se tivessem sido soterrados por diversos geo-estratos. Estamos perante uma revisitação do mais moderno dos fantasmas, que ainda não cessou de nos assombrar: a “máquina celibatária”. Que, na verdade, não é uma máquina mas sim uma figuração do inumano enquanto “existential closure” (“finalização existencial”). As instalações de Miguel Palma remetem para essa inquietante tensão entre a pungência dos materiais, a densidade das coisas e a automatização do propósito. Uma das suas últimas obras Secretária Ilustrada (2003), uma secretária em cujo tampo foi inserida uma mini-paisagem, é testemunho dessa tensão, que aqui reaparece inscrita entre a burocracia e a vertigem romântica. Em 2005, realizou o Projecto Aríete, uma “road trip” pela Europa e seus principais museus num veículo próprio, alterado pelo artista.
.
.
.
.
.
.
.
.
source: cvcinstituto-camoespt

He works and lives in Sintra, and has been exhibiting regularly since 1988. Mostly installations, his work is inscribed in the tradition of re-appropriation that strongly branded the 90s. The goal thereof was proportionately opposite to the progressive alienation carried out by contemporary production processes. In many of his works, one will realize an almost childlike awe with “doing”, also noticeable in the wonderment for materials and for the do-it-yourself poise. Related to these notions, Palma more often than not produces scale models. To him miniaturization and modelling are part of the re-appropriation pulse, charged with a metonymic temperament. Actually, that is the compulsory condition for the existence of a model, the cornerstone of a scientific approach and of the experimental method, on which the author bases his own mode of production. ¶ Miguel Palma discloses an awkwardly uninhabited world, in which the machinic or the systematic are all-pervading and self-sufficient: human involvement is utterly stamped out. One just has to consider a few of his works, from Engenho (Engine, 1993), a craftsmanship car that can be driven through great distances, as the artist himself revealed in its inauguration journey, to Carbono 14 (Carbon 14, 1994), an archaeological section-cut model that displays several pieces of equipment from our own civilization as if buried under consecutive rock strata. This is revisiting that most modern of phantasms, which has not ceased to haunt us: the “bachelor machine”. In truth, it is not a machine, but rather a figuration of the inhuman as existential closure. Miguel Palma’s installations clear a line of vision to this distressing tension between the materials’ burden, the density of things and the automatization of purposes. The work Secretária Ilustrada (The Illustrated Desk, 2003), a desk in whose writing surface a mini-landscape was inserted, acts as the witness of the aforementioned tension, in this particular case disguised as the strain between bureaucracy and the Romantic allure. In 2005 he developed Projecto Ariete, a road trip through Europe and its main museums in a vehicle altered by the artist.